Destaque da Semana #4 – Odete Valentim Domingues

Blog Atletismo Masters Destaque da semana #4 Odete Valetim Domingues

Na história do esporte encontramos sempre alguns atletas que foram tão dominantes por muito tempo. Uma delas é a Odete Valentim Domingos que, para se ter uma ideia, em 1983 estabelecera Recorde Sul-Americano do Lançamento de Disco, um dia antes de completar 49 anos, com a marca de 53,00m.

Mesmo tendo obtido as melhores marcas a partir dos 40, ela começou cedo a prática do atletismo na cidade de Campinas, e já aos 23 anos de idade, representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano em 1958. Nas duas primeiras participações, não conseguiu medalhas. As conquistas vieram a partir de 1965, já experiente, aos 31 anos, e não parou até 1983 quando conquistou sua última medalha de ouro, acumulando 7 vitórias e duas medalhas de prata. Foram 25 anos representando Brasil nesta competição.

Também representou Brasil nos Jogos Panamericanos de 1959, 1963 e 1975, neste último obtendo a melhor colocação (6ª colocada com 47,76m).

Por esta longevidade, podemos considerá-la como a versão feminina de Al Oerter (vide Destaque da Semana #3), coincidentemente na mesma prova do Lançamento de Disco.

Ainda em plena forma, começou a participar de Campeonatos Mundiais Masters. Encontrou mais motivação para continuar os treinamentos e se manter em atividade representando Brasil mundo afora. No total foram cinco participações (1981, 1985, 1993, 1995 e 1997) e em todas elas, foi campeã na prova do Lançamento de Disco.

No final da década de 1980, recordo de uma matéria de televisão a respeito da Odete. Era uma reportagem da TV Globo (não me recordo em detalhes, mas acho que era sobre Jogos Abertos do Interior) destacando a longevidade da atleta que acabara de conquistar 2º lugar. Durante a entrevista dissera que a vencedora (Fátima Aparecida Germano) teria um futuro promissor, tanto que anos mais tarde, seria a primeira atleta a superar o recorde brasileiro dela. Além de uma grande atleta, também tinha o dom de enxergar potencial nas pessoas, qualidade adquirida ao longo da carreira.

Alguns anos depois, como estudante da UNICAMP em 1990, organizamos um evento com a EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército) e, para minha surpresa, ali no dia da competição soube que ela é técnica dos alunos com os quais competiríamos. Para mim, foi uma mistura de emoção e felicidade encontrá-la ali na pista da UNICAMP.

Durante todo evento, eu queria trocar algumas palavras, mas ela era intensa, tão focada no seu trabalho e em nenhum momento parava, incentivando e cobrando o máximo daqueles alunos. Ela era firme e exigente, mas ao mesmo tempo, independente do resultado, o carinho que ela demonstrava com cada um deles era algo indescritível.

Observar de longe todos aqueles gestos me fez ainda mais admirar aquela pessoa. Somente após o término, consegui trocar algumas palavras, e como qualquer fã, pedi para registrar aquele momento com uma foto e prontamente fui atendido com um enorme sorriso.

Tivemos mais dois encontros deste tipo (em 1992 e 1993), desta vez na pista da EsPCEx. As atitudes eram as mesmas, sempre exigindo seriedade e atitude, e ao mesmo tempo esbanjava carinho e afago por aqueles que ela os chamava carinhosamente de “meus meninos”. Simplesmente, uma pessoa fantástica e extraordinária!

Pista de Atletismo da UNICAMP (1990): eu, Odete e Professor Euclydes.

Fontes:

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *