No grande trabalho de retrospectiva sobre Campeonato Sul-Americano de Atletismo (Campeonatos Sudamericanos de Atletismo, el historial), uma competição centenária do cenário mundial, os autores destacam dois atletas. Uma delas é a brasileira Silvina das Graças Pereira da Silva*, simplesmente por ser uma das maiores recordistas do continente:
- três recordes Sul-Americano na prova dos 100m (11,8s** em 1967; 11,7s em 1968; 11,5s em 1975);
- cinco recordes Sul-Americano na prova dos 200m (23,9s em 1969; 23,5s em 1975; 23,4s em 1975; 23,3s em 1975; 23,17s em 1975);
- cinco recordes Sul-Americano na prova do Salto em Distância (6,33m em 1971; 6,35m em 1971; 6,50m em 1975; igualou 6,50m** em 1975; 6,53m em 1975).
Este repertório começou a ser construído antes de completar 20 anos de idade, credenciando a representar Brasil nas principais competições internacionais:
- Campeonato Sul-Americano
- 1967 em Buenos Aires com três medalhas ouro (100m com marca de 11,8s; 200m com marca de 24,5s; 4x10m com marca de 48,2s) e 4ª colocação no Salto em Distância com marca de 5,54m;
- 1969 em Quito com quatro medalhas de ouro (100m com marca de 11,7s; 200m com marca de 24,0s; Salto em Distância com marca de 5,85m; 4x100m com marca de 46,0s);
- 1975 em Rio de Janeiro com medalhas três ouro (100m com marca de 11,7s; 200m com marca de 23,4s; Salto em Distância com marca de 6,11m) e uma medalha de prata (4x100m com marca de 45,9s);
- Jogos Panamericanos
- 1971 em Winnipeg com uma medalha de prata na prova do Salto em Distância (6,35m);
- 1975 na Cidade do México com uma medalha de bronze na prova dos 200m (23,17s) e 4ª colocada na prova do Salto em Distância (6,44m);
- Jogos Olímpicos
- 1976 em Montreal com participação nas provas dos 200m (24,00s) e Salto em Distância (6,13m).
Um marco importante na carreira dela é ter sido a primeira brasileira a romper marca de 6m na prova do Salto em Distância em 1970, alcançando marca de 6,12m. Outro é ser uma das primeiras do continente a baixar a marca de 12s na prova dos 100m em 1967.
Após a frustação em não conseguir vaga para Olimpíada de Munique em 1972, ficou afastada do atletismo devido a lesões e estudos. Mas para temporada de 1975 voltou com tudo, batendo recorde nas três provas, conforme já ilustrado no início (11,5s nos 100m; 23,17s nos 200m; 6,53m no Salto em Distância).
Após Jogos Olímpicos de Montreal em 1976, já com 28 anos, retirou-se para lecionar Português e Educação Física, ao mesmo tempo finalizar curso de Pedagogia. Segundo ela “Nunca mais competiria, tenho quase trinta anos e não teria coragem o suficiente para treinar tanto” em entrevista a Ulisses Laurindo no Jornal do Brasil.
Supreendentemente em 1985 voltou a competição, e ficou na 2ª colocação no Troféu Brasil, conseguindo mais uma vez vaga para participar do Campeonato Sul-Americano. Em Santiago, ficou na 4ª colocação com marca de 5,67m. O ano seguinte foi seu último ano em competições de alto nível, alcançando a marca de 5,96m na prova do Salto em Distância.
Mas antes de encerrar definitivamente a sua carreira atlética, ela participou do Campeonato Mundial Master em 1989 conquistando duas medalhas na categoria W40: prata no Salto em Distância com marca de 5,40m e bronze na prova dos 100m com marca de 12,76s (na semifinal ela havia feito 12,45s).
Na semana anterior destaquei Evelyn Ashford como uma das maiores velocistas do mundo, e no continente Sul-Americano, sem dúvida, a Silvina é uma das maiores velocistas e saltadoras de todos os tempos. Como homenagem, em 14-jan-1989 foi agraciada com a Medalha de Mérito da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) [2].
*O outro atleta destacado neste material é o chileno Manuel de Jesús Plaza Reyes, o maior vencedor de medalhas do Campeonato Sul-Americano (23 ouro, 1 prata e 1 bronze).
**Recorde Igualado.
Fontes:
[1] https://atletismosudamericano.org/libros/campeonatos-sudamericanos-de-atletismo-el-historial/