Corpo levemente inclinado para a frente e passadas rápidas. Estas são as principais características da estadunidense Evelyn Ashford que foi uma das principais velocistas da década de 1980. Mesmo não tendo uma boa largada, era impressionante vê-la ultrapassando as adversárias mantendo postura e estilo de corrida impecável do começo ao fim. Como virtudes, podemos eleger coragem e serenidade nas disputas com as principais adversárias, e resiliência e superação que a manteve por 16 anos competindo em alto nível.
Apesar de extremamente competente, não conseguiu conquistar medalhas nas duas participações em Campeonatos Mundiais:
- em 1983 (Helsinque) ela era considerada uma das favoritas na prova dos 100m, já que um mês antes, havia estabelecido novo recorde mundial (10,79s). Na final, porém, ela distendeu músculo da coxa e caiu. A prova foi vencida pela alemã oriental Marlies Göhr que era a recordista anterior;
- em 1991 (Tóquio) ela ficou na 5ª colocação na prova dos 100m.
Por outro lado, as Olimpíadas é que evidenciaram o sucesso da sua carreira. Desde cedo, aos 19 anos participou da sua primeira Olimpíada em 1976 (Montreal), uma idade incomum para velocistas, ficando na 5ª colocação nos 100m com tempo de 11,24s. Fechou a participação olímpica em 1992 (Barcelona), parou na semifinal dos 100m, mas conquistou a sua última medalha de ouro na prova dos 4x100m. Outras marcas obtidas durantes a sua carreira:
- participação em quatro Olimpíadas (1976 em Montreal, 1984 em Los Angeles, 1988 em Seul e 1992 em Barcelona);
- quatro medalhas de ouro olímpicas (100m e 4x100m em 1984, 4×100 em 1988 e 4x100m em 1992) e uma prata (100m em 1988);
- porta bandeira da equipe dos Estados Unidos em 1988 (Seul);
- recordista dos 100m duas vezes (10,79s em 1983 e 10,76s em 1984);
- primeira mulher a baixar de 11s na prova dos 100m em uma Olimpíada (1984 em Los Angeles) com a marca de 10,97s
- atleta mais velha (35 anos) a ganhar uma medalha de ouro numa Olimpíada (1992 em Barcelona), superada há pouco tempo pela compatriota Allison Felix (2021 em Tóquio).
Além das conquistas olímpicas, duas vitórias marcaram a primeira metade da sua carreira competindo com duas principais velocistas da época, Marlies Göhr e Marita Koch, ambas da antiga Alemanha Oriental:
- em 24-ago-1979 na Copa do Mundo (Montreal), venceu Marita Koch na prova dos 200m (21,83s vs 22,02s), a melhor marca da sua carreira. Dois meses antes, Koch havia estabelecido recorde mundial com 21,71s (sendo a primeira mulher a baixar de 22s);
- em 22-ago-1984, após Olimpíada de 1984, em Zurich (Meeting Weltklasse), venceu Marlies Göhr na prova dos 100m (10,76s vs 10,84s) onde melhorou o recorde dos 100m pela segunda vez. Esta prova era uma espécie de tira-teima entre as duas últimas recordistas da prova, inclusive porque a alemã não esteve na Olimpíada de 1984 (Los Angeles) devido ao boicote do bloco soviético.
A Olimpíada de 1992 (Barcelona) marcou a sua última participação em competições oficiais. Mas, antes de encerrar definitivamente a carreira, participou do Campeonato Mundial Masters de 1993 em Miyazaki. Ela foi uma das atletas convidadas para este evento, e durante a Cerimônia de Abertura levou a Tocha da Amizade para o Sr. Hanji Aoki (Presidente da Japan Amateur Athletic Federation) quem acendeu a chama que seria vista durante toda a competição.
Na prova dos 200m, categoria W35, ela não decepcionou o público. Na semifinal marcou tempo de 23,57s e na final venceu com tempo de 24,14s. A sua ótima forma atraiu aplausos da multidão presente como uma forma de retribuição, uma homenagem justa e marcante para uma das mais brilhantes velocistas de todos os tempos.
Fontes:
[1] https://worldathletics.org/heritage/news/evelyn-ashford-olympic-champion-comic-feature
[2] https://worldathletics.org/records/by-progression/2275
[3] https://world-masters-athletics.org/world-championships-stadia-history/